CENSURA
Em abril, estive em São João del Rey, a convite de uma
escola que trabalha com meus livros há 2 anos.
A professora me contatou, me convidou e ainda pediu que meus
livros estivessem disponíveis para a venda, durante a feira que aconteceria
naquela semana.
Devido ao pouco tempo de antecedência, eu mesma pedi os
livros à editora e os enviei para lá por minha conta. 100 livros, 20 de cada
título. É claro que isso teve um custo, com o qual arquei sozinha.
Pois bem, cheguei lá, fui super bem recebida, vi desenhos de
boas-vindas por toda a escola, era uma festa para mim naquele dia! Fiz minha
primeira palestra e qual não foi minha surpresa em constatar, no intervalo, que
o meu “Superblog das maravilhooosas” e “Caderno podrão do Bolinha e do Bolão”
haviam sido PROIBIDOS de serem expostos na feira. Fiquei em choque. Os pais
haviam conversado com a diretora, e pediram para que não fossem sequer
mostrados aos alunos.
O constrangimento tomou conta de mim e fiquei sem saber o
que fazer. Estes dois livros são vendidos livremente e inclusive comprados por
muitas bibliotecas escolares. A “questão” que surgiu, como a diretora
gentilmente transformou a palavra “censura” em outra, foi discutida numa
reunião de pais. E a decisão foi unânime: estes livros não poderiam ser expostos
ou vendidos dentro da escola.
Na viagem de volta, vim pensando. Eu saí de minha casa no
Rio de Janeiro e estava voltando com os 100 livros intactos na mala, e a
palavra “Censura” ecoando na minha mente. Para quê convidar uma autora a ir a
outro Estado, se sua obra é tão chocante??? Não me conheciam? Não trabalhavam com
um livro meu? Não viram o meu site? Todos os meus livros estão on line,
inclusive com algumas páginas escaneadas.
Enorme erro da professora irresponsável, que conhecendo a
escola onde trabalha há 10 anos, deveria ter previsto a situação. Não deveria
ter insistido para, além da minha presença, ter meus títulos lá naquela semana. Me fez pensar
como as pessoas são inconsequentes, não medem o que fazem e muito menos o
impacto que causam na vida dos outros.
Eu fui feliz. Voltei decepcionada. E com a certeza de que é
cada vez mais difícil basear suas atitudes em palavras alheias.
Então, agora descobri que sou uma autora maldita, proibida e
censurada no ano de 2012. E ainda fiquei com um prejuízo de 100 livros e a
conta da transportadora para arcar.
Que mais comentar?
Triste escola, tristes estes alunos que são educados já
cerceados na sua liberdade mais básica: escolher o que ler. Que adultos serão
esses? Que leitores estamos formando?
Medo!!
Um comentário:
Ines, porque nao faz concursos culturais para dar como premio o superblog das maravilhoooosas???
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